segunda-feira, 17 de abril de 2017

Mudanças na previdência: que reforma é essa?

Cortador de cana
Servente de pedreiro
Carvoeiro
Roçador de juquira
Operário de frigorífico
Colhedor de fumo
Mineiros
Segurança particular
Gari
Profissional do sexo
Motoboy
Pescador comercial
Trabalhadora empregada doméstica
Caminhoneiro
Costureira
E, sem se esquecer, professor.

   Seria mais honesto e corajoso se Michel Temer falasse diretamente, olho no olho, dos trabalhadores braçais que serão os mais afetados pela mudança e explicar que terão que suar mais a camisa em nome da economia e da manutenção da taxa de lucro alheia.
   Só não sei qual seria a reação das pessoas que começaram a trabalhar mais cedo que a média da população, muitas vezes como crianças, ao perceberem que terão que ceder ainda mais sua dignidade em nome de um país que está – a bem da verdade – pouco se importando com eles.
   Que só lembra de sua existência quando, no limite, entram em greve, e nesse momento, parte desse país os chama de vagabundos e imprestáveis, como se os empregos mal remunerados e sem direitos que eles têm fossem um favor da sociedade e não uma mais forma dela explorá-los.
   O governo federal está tão afoito para alterar as regras da Previdência que está ignorando o elemento mais importante em todo esse processo: um diálogo que reúne todos os interessados – e não apenas meia dúzia de instituições que dizem falar pelos trabalhadores do país – para encontrar saídas. O país envelheceu, é necessário rediscutir a Previdência. Mas não dessa forma autoritária e atabalhoada.
   Por exemplo, é justo que a regra dos 65 anos seja aplicada para as categorias acima citadas, incluindo trabalhadores que entregam o limite de sua força física e desgastam seus corpos, reduzindo seu tempo de vida mais do que outras categorias? Os cortadores de cana, por exemplo, chegam a ter uma vida útil menor do que parte dos escravos no período final da escravidão oficial do século 19 devido ao massacre a que são impostos seus corpos, com mais de 12 toneladas cortadas diariamente.
  Por que não propomos a manutenção da aposentadoria atual para essas categorias e subimos para 75 anos a idade mínima para parte dos economistas, advogados e, principalmente políticos?
   O processo de Reforma da Previdência está em curso sem que se discuta com a sociedade a melhor forma de adaptar a aposentadoria a um Brasil mais velho. Muitos vão morrer antes de aproveitar seus direitos e merecido descanso.
   Qual sua opinião sobre a reforma da previdência? Você concorda com ela?

Adaptado de: O Brasil no Livro dos Recordes: a maior passada de mão na bunda da história. Leonardo Sakamoto, postado em 14/12/2016
Adaptado de: Temer deveria explicar aos trabalhadores braçais que eles vão dançar. Leonardo Sakamoto, postado em 24/09/2016

Será que os moradores das periferias vão conseguir se aposentar?