quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Abrindo os olhos

     Tantos casos e relatos podemos presenciar em nosso dia a dia, muitas críticas e contraposições surgem sobre a violência, mas o povo não tem voz para modificar essa situação. 

       No dia 19 de novembro, pude fazer uma “ação” que me proporcionou uma experiência maravilhosa. Percebi que existe um certo “tabu” ao falar sobre a ação irracional que é a violência contra as mulheres, elas temem tudo o que essa palavra possa lhes proporcionar. 

Neste dia, selecionamos duas árvores em conjunto com os alunos e as professoras Denise e Barbara. Uma das árvores batizamos de árvore da violência e a outra de árvore dos desejos. Na da violência colocamos alguns relatos sofridos por algumas mulheres, escritos pelas alunas. E na de desejos, sugestões das pessoas que passaram por nós. 

      Os relatos que colocamos pendurados por barbantes foram chamados por um senhor de poluição visual, esse é o reflexo da ignorância que não aceita a aquisição de conhecimento. Mas, mesmo assim, foi gratificante a experiência, pois todas as pessoas que passavam ali demonstravam reações diferentes sobre o assunto, interagindo conosco e demonstrando várias formas de pensamentos. 
      O inesperado aconteceu comigo, em meio a uma de minhas abordagens me deparei com uma mulher, que por sinal já foi minha cabeleireira, que eu não via há muitos anos. Ela me contou que foi vítima de violência física e moral, ato realizado por seu próprio companheiro. Depois de 22 anos de casamento abastecido por transtornos emocionais decorrentes da violência, ela decidiu fugir de casa, deixando para trás o esposo e seus cinco filhos. Disse que não se arrependeu de ter fugido e ressalta que se soubesse que tal atitude iria lhe deixar tão bem teria feito o quanto antes... 

   Olhando para o estado que impõe as diretrizes (que são as leis já estabelecidas), questionamos: de que realmente valem as leis se elas não dão apoio necessário para as vítimas da violência contra o “sexo frágil”? Pois estas leis são apenas escrituras estabelecidas, mas não praticadas instantaneamente.    Necessitamos de uma transformação, pois as mulheres clamam reservadamente por uma mudança, porque “paz sem voz, não é paz é medo”, como disse Marcelo Yuka da banda “O Rappa” e complementa Caetano Veloso: “Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial”. 

     Todo o contexto apresentado acima é o reflexo do que a arte fez comigo, abriu meu pensamento e me fez compreender o que a arte verdadeiramente proporciona. Minha expressão foi renovada e hoje até penso em me especializar no ramo, pois aprendi que a arte vai além de quadros e pinturas, a arte enriquece o conhecimento de quem se permite ser conduzido por ela. 

Por Juciele B. Lopes, estudante do 4º Módulo, 2015


Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero) - O Rappa

Fora da Ordem - Caetano Veloso